De dentro do 92, às 17h15 de uma quarta-feira de fevereiro, registro gotas de chuva pelo vidro. Há 12 anos, eu saía pela porta abaixo do letreiro amarelo no fundo da foto, com uma caixinha repleta de macarons que eu mesma tinha feito.

Anos antes, disputava espaço com carrinhos de bebê, guarda-chuvas e barracas do Marché de Noël, tentando um programa turístico com meus pais e meu irmão.
Ainda mais tempo atrás, andava por ali com meu primeiro namorado, em um ano novo do início dos anos 2000.
O quanto uma cidade pode falar sobre nós?
Aqui, já fui adolescente gastando francos (!!!) na loja da Disney, comprando com moedinhas um ursinho Pooh para cada grande amiga (éramos 8). Hoje, aos 37 anos, aproveito as cerca de 40 horas em nova passagem pela Paris que sempre me aguarda, pegando ônibus pra rever lugares enquanto atravesso o Sena e os bulevares para chegar aos poucos encontros que marquei.
Vi a Torre Eiffel em várias formas - um ponto no horizonte, mais próxima, sob chuva. A Pirâmide do Louvre, vi cheia e vazia. E me lembrei dela envelopada pelo JR.
No restaurante com meus pais, cumprimentei minhas amigas em 2016. Em outro, vi os vidros escurecidos, repletos de adesivos, parecendo abandonado há anos, mas sei que em 2022 ele estava ali, pois vi nossa mesa pelo vidro que dava para o Boulevard Saint Germain.
Que bom descobrir que a padaria de 2010 continua a mesma e os doces seguem deliciosos. E “que bom” redescobrir que o atendimento aos clientes em Paris continua o mesmo - a cada passagem um perrengue novo pra contar.
Duas novas livrarias me conquistaram, como provam os 16 novos volumes que embarcam rumo ao Brasil.
Me (re)vi em vários momentos e tenho novos guardados para as próximas horas a viver com essa cidade. Au revoir, Paris.

Encontros e reencontros:
O Café de Flore, onde Patty Smith gosta de escrever quando vai a Paris, segue na mesma esquina e sempre lotado. Já o Dell’Arte, um restaurante que eu gostava de ir com meus pais na esquina do Boulevard St. Michel com o St. Germain fechou. É uma rede e com certeza há outros na cidades, mas esse aí era o nosso e nenhum outro tem a mesma graça.
A foto à esquerda é do restaurante Chez Gladines, onde comi uma Tartiflette deliciosa. É um prato típico de inverno, que leva batatas, cebola e bacon cobertos com queijo reblochon. À direita um café gourmand, uma degustação de mini sobremesas. Excelente para quando você não sabe o que escolher no cardápio.
Se for a Paris ou à França experimente esses dois. O ‘hot dog’ das padarias não tem molho de tomate, mas tem pão delicioso, queijo e salsicha bem escolhidos. Alguns tem molho bechamel e pimentões. E são assados na hora. Já as chouquettes são pequenos bolinhos de massa choux. Lembram as broinhas ocas de fubá do Brasil. São feitas de farinha branca e têm pérolas de açúcar por cima. Uma delícia!
Os doces franceses dispensam explicações, certo? Torta de limão com merengue, réligieuse, bomba, St. Honoré e mais dezenas e dezenas, todos merecem ser provados.
Valrhona é o melhor chocolate do mundo e o escolhido de diversos chefs de cozinha para suas receitas. É um excelente presente, principalmente o Dulce, que tem um gosto caramelado incrível. Dica: no sexto andar da Galerie Lafayette tem todos os tipos.
O sexto andar da Galerie Lafayette é um lugar excelente pra comprar souvenirs de Paris que sejam interessantes e mais personalizados que aqueles comprados nas lojinhas perto de pontos turísticos. Amei especialmente as placas do metrô, uma pena que não tinha minha estação do coração (Goncourt).
Dois meses de 2024 já se foram e as Olimpíadas estão cada vez mais perto! A cidade está cheia de obras e cheia de produtos ligados aos jogos.
Até a próxima!
Querida Marina, a leitura é um estímulo para voltar. Parabéns que criativa e sensível escrita.
Que delícia, Nina! Espero dar um rolê contigo lá levando os pequenos para conhecerem a cidade. 😘